SOMOS TECELÃS DE MUITAS FACES E CULTURAS, TECENDO HISTÓRIAS ATRAVÉS DOS TEMPOS.

Tecendo a vida

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Nós

As mulheres sábias sempre assustaram...
Por isso foram chamadas de bruxas.
Mas cá estamos, descendentes daquelas que tentaram silenciar.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Hoje cometi um adultério!



CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL - RJ
EXPOSIÇÃO PICASSO E A MODERNIDADE ESPANHOLA


Hoje cometi um adultério! 
Afogada em leituras obrigatórias, pós-coloniais, pós-modernas e pós-pós, simplesmente me permiti fazer aquilo que a minha avó chamava de "pular a cerca"...Fui ver belezas, fui brincar com meu reflexo no espelho... Por preciosos instantes me permiti rir da adulta que cumpre prazos, que formata sua autoria segundo a ABNT. Por preciosos instantes brinquei de Alice no reino dos espelhos, brinquei de Madrasta da Branca de Neve e brinquei de Narciso. Como adulta, rio... Saí do labirinto de espelhos adulterada em minha adultice de prazos e regras ABNTísticas...
Hoje cometi um adultério...
Foi um gozo! 

quinta-feira, 5 de março de 2015

O bordado e a cidade.

A INFINITA FIANDEIRA


A aranha, aquela aranha, era tão única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem nem finalidade. Todo bom aracnídeo sabe que a teia cumpre as fatias funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções.
Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para quê tanto labor se depois não se dava a indevida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie.
- Não faço teias por instinto.
- Então, faz porquê?
- Faço por arte.
Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo mundo em ofício de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. os pais, após concertação, a mandaram chamar. A mãe:
- Minha filha, quando é que acentas as patas na parede?
E o pai:
- Já eu me vejo em palpos de mim...
Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto disse:
- Estamos recebendo queixas do aranhal.
- O que é que dizem, mãe?
- Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas.
Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus mandos genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoroso encontro.
- Vai ver que custa menos que engolir mosca - disse a mãe.
E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha namorou e ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa?
A aranhiça levou o namorado a visitar sua coleção de teias, ele que escolhesse uma, ficaria prova de seu amor.
A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabricação daquele espécime. Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Qaundo ela, já transfigurada., se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia?
- Faço arte.
- Arte?
E os humanos se entreolharam, intrigados. Desconheciam o que fosse arte. Em que consistia? Até que um, mais-velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. Felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos - chamados de obras de arte - tinham sido geneticamente transmutados em bichos. Não se lembrava bem em que bichos. Aranhas, ao que parece.
(  A INFINITA FIANDEIRA in Mia Couto - O Fio das Missangas)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

domingo, 21 de setembro de 2014

Cumplicidade


Não sou santa...Reconheço que sou competitiva e gosto de ter meu trabalho reconhecido; contudo, perder de vista a construção coletiva é a maior auto sabotagem que uma mulher pode fazer. Fica a dica!

domingo, 22 de junho de 2014

O bordado e a cidade


The urban fabric // El tejido urbano from pablo de otto on Vimeo.

Ao contrário do senso comum, o bordado, desde a mítica Aracne, tem sido um meio de expressão política _vejam Zuzu Angel e as Abuelas da Praça de Maio. Neste projeto, o bordado é utilizado para pensar, unir e comunicar a cidade e as relações de vizinhança.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tecendo o texto: escritas inscritas



Como fica a objetividade acadêmica quando:
-Leio autores relatando fatos que vivi .
-Abro um livro e vejo minha foto, ilustrando o relato de um trabalho.
-Abro outro livro e vejo a foto daquele que muitas vezes me levou ao Hades, cuja presença em minha vida forneceu a coragem necessária para que eu comesse as três sementes de romã.
"Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço", já dizia Clarice Lispector... 
E foi só o primeiro rascunho...

sábado, 2 de novembro de 2013

Reverenciando os ciclos


Bendita seja a Vida em todos os seus ciclos.
Minhas homenagens aos que já fizeram a travessia.
Meus respeitos aos ancestrais.